Wenzel Reckziegel
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O brasão abaixo necessita de explicações adicionais para o entendimento da sua relação com a história familiar. Isso é importante na medida que existem, talvez, vários outros brasões com o mesmo nome, mas ligados à clãs distintos. Sabe-se que para o registro de um brasão exigia-se uma bem fundamentada comprovação histórica da família que pretendia adotá-lo. Famílias diferentes com o mesmo sobrenome portam, por isso, emblemas diversos. Assim, para identificá-las eram inseridas figuras representativas de nomes, atividades, profissão, etc.
No caso do escudo onde há o desenho de duas ferramentas pode mudar de acordo com outros clãs. Por outro lado, a cabeça do cavalo com as rédeas, estas seguradas por uma mão dourada, representam o nome da família, ‘RECKZIEGEL’. Para entendê-lo temos que separar em duas partes: ‘RECK’ de rucken ou Ruck (puxar, puxada) e ‘ZIEGEL’ (aqui com o significado de rédea). Quem puxa as rédeas do cavalo pode se considerado, cavaleiro, cocheiro ou carroceiro. Dadas as circunstancias fica evidente o primeiro como sendo a tradução mais adequada.
OBS: Contribuição enviada por Luan Reckziegel
Informações sobre Wenzel e Emília
Wenzel e Emília com seus primeiros 5 filhos, Franz, Karoline, Heinrich, Antonie e Hermann, naturais de Maxdorf, bei Gablonz na então região austríaca de Böhmen migraram para o Brasil com uma leva de imigrantes vindos pelo vapor “Santos” que saiu do porto de Hamburgo, Alemanha, em 7de junho de 1873. O grupo aportou em Porto Alegre no dia 6.9.1873 onde lhes foi designado o destino final.
Havia a bordo dessa embarcação mais outras 4 famílias Reckziegel, Wenzel+ Agathe com 6 filhos(de Johannesberg), Joseph(37) + Anna(40) com 2 filhos(de Johannesberg), Franz + Theresia e 2 filhos, um nascido na viagem (de Dessendof) e Joseph(33) + Anna(23), sem filhos, além de 2 pessoas solteiras, Anton(de Johannesberg) e Stephan Reckziegel (deKarlsberg). Wenzel e Emília juntamente com outras famílias oriundas de Gablonz, entre as quais Franz e Theresia, foram encaminhados para a região do Alto Taquari. A bordo de uma embarcação fluvial seguiram em direção à cidade de Taquari e Mariante onde carregaram pertences e haveres em carretas de boi com as quais alcançaram, não sem grandes dificuldades, a vila de Venâncio Aires, na época um pequeno lugarejo que teria no máximo uma dúzia de casas, sendo que a maioria destas não passavam de palhoças. Relatos dessa viagem dão conta que, aí chegando, as mulheres, espantadas talvez com o que viam, teriam gritado: “Jesus, se isto aqui é a cidade, como será a aldeia?!!” O espanto deverá ter sido seguramente bem maior quando souberam que suas aldeias ainda encontravam-se cobertas pela mata virgem povoada por um número muito grande de animais silvestres. Mas foi aí, foi numa dessas “aldeias” que os nossos heróis começaram uma nova vida aqui no Brasil. Assim, Wenzel e Emília, mais as famílias Pilz, Jaeger, Weiss, Uhry, Rössler, Stöher,Endler, Gutstein, Scheibler e Wanderer foram os pioneiros na colonização de Sampaio, uma fértil e bela região do Vale do Arroio Sampaio. Outro rumo tomaram as demais famílias chegadas naquela oportunidade a VenâncioAires. Franz e Theresia Pilz Reckziegel junto com as famílias Franz e Bárbara Endler Haupt, Franz e Emilie Siebeneichler Lahr, Joseph I e Helene Staffen Siebeneichler, Wilhelm Siebeneichler e filhos, Kajetan e Maria Schöffel Siebeneichler, Josef II e irmã Ernestina Siebeneichler, Johann e Bárbara Bergmann Hübner mais Anton e Amália Peukert Pilz iniciaram a colonização de Linha Isabella, em uma região já mais montanhosa, ainda dentro do município de Venâncio Aires. As crônicas escritas em 1923, “SAMPAIO ZUM 50-JÄHRIGEN JUBILÄUM” E “FESTSCHRIFT ZUM50-JÄHRIGEN JUBILÄUM DER LINHA ISABELLA”, sôbre a fundação e desenvolvimento destas duas localidades dão-nos uma imagem do que foi a vida e a luta enfrentada por esses nossos antepassados, cuja memória deve ser preservada, difundida, compreendida e sempre mais valorizada por toda a descendência que hoje desfruta aquilo que eles com muito suor e sacrifício construíram.
A liderança exercida por Wenzel e seus filhos na formação da base econômica, cultural e religiosa da comunidade de Sampaio também pode ser aferida nesses escritos. Especificamente sobre a família de Wenzel e sua descendência sintetizamos aqui de um escrito, inominado, mas, que se sabe procede das filhas do neto, Hugo Reckziegel, particularmente daquelas dedicadas à vida religiosa:
“…Vocês acham que foi por acaso que o casal Wenzel Reckziegel e Emília Seibt resolveu vir ao Brasil na segunda metade do século dezenove?…Não, Deus tinha um plano com isto….. Wenzel e Emília realizaram seusplanos… portanto, num rasgo de generosidade se desprenderam do solo pátrio, em Maxdorf na Boêmia e, corajosos empreenderam a longa viagem da Europa para o Brasil. Podemos imaginar-nos que realmente foi preciso bastante coragem para alguem mudar-se de um país civilizado para uma mata-virgem desconhecida….. A travessia do Atlântico levou meses, …..Os cinco filhos – Henrique, Carolina, Antônia, Germano e Francisco, pela confiança que depositavam em seus pais, também cresceram na confiança de Deus…..Os Reckziegel eram uma família feliz que em breve foi abençoada com mais uma filhinha, Ana, a única brasileira deste lar. Tendo trazido a Europa a proverbial capacidade para o trabalho e espírito de inciativa, meteram-se, com entusiasmo, a construir o progresso deste país tão diferente e novo. Cultura, arte e religiosidade, foram três contribuições valiosas que eles trouxeram. … Cultura: … basta lembrarmos sacrifícios que Wenzel deve ter feito para conseguir instrução e formação profissional para todos os filhos, isto nas condições precárias daquela época, vivendo numa clareira da mata virgem…em Sampaio. …Arte: … soubemos que a região da Boêmia, donde vêm nossos antepassados, sempre primou pelas produções artísticas. … aqui, entre filhos, netos, bisnetos e tataranetos dos Reckziegel sempre houve fãs da arte. (pintura, escultura, música, dança, etc.)… Religiosidade: … os pais deixaram para os filhos a riquíssima herança de uma fé profunda no Pai do Céu. Creio que nenhum Reckziegel poderia representar-se um lar sem o “Hergottswinkel”, isto é, aquele cantinho sagrado, na sala de visita, que se destinava ao culto divino…. Do velho Wenzel conta-se que era muito calado mas quando a comunidade se reunia, aos domingos , tornava-se eloquente. Na falta do sacerdote liderava a devoção, lia o evangelho e fazia o sermão…. Atividades: Fosse por causa de sua constituição dinâmica, fosse por sua dotação físico-psíquica favorecida, fosse pela educação quase militar, fosse pelo espírito aventureiro ou fosse pela religiosidade íntegra, o fato é que os Reckziegel costumavam ocupar postos de liderança nas comunidades, pelas regiões por onde se espalharam. E costumavam firmar-se bem, economicamente… é provável que todos estes fatores, conjugados, tenham colaborado para o sucesso.”
OBS: este texto foi repassado por Ruy Bersch